Nesta terça-feira (23), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, respondeu com ironia às preocupações expressas pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a possibilidade de um "banho de sangue" caso a oposição vença as eleições presidenciais deste domingo. "Que tome um chá de camomila", disse Maduro, um dia após Lula manifestar inquietação com as advertências do líder venezuelano.
Maduro, sem mencionar explicitamente Lula, defendeu suas declarações anteriores. "Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila", afirmou. Ele reforçou sua confiança na vitória e estabilidade do país: "Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita".
O presidente venezuelano fez referência ao 'Caracazo', um levante social ocorrido em fevereiro de 1989, que resultou em milhares de mortes, segundo denúncias, embora o balanço oficial seja de cerca de 300 falecidos. Maduro lembrou que seu antecessor, Hugo Chávez, justificou a insurreição fracassada que liderou em 4 de fevereiro de 1992 com base no 'Caracazo', evento que impulsionou sua popularidade.
"Eu disse que se, negado e transmutado, a direita extremista (...) chegasse ao poder político na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue, em 27 e 28 de fevereiro", declarou Maduro.
Na segunda-feira, Lula havia expressado sua preocupação com as palavras de Maduro. "Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue", disse Lula, acrescentando: "O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição", durante uma coletiva de imprensa com agências internacionais em Brasília.
Maduro, que busca um terceiro mandato que pode estender seu poder para 18 anos, reiterou sua confiança na vitória. "Eu prevejo para aqueles que se assustaram que na Venezuela vamos ter a maior vitória eleitoral da história", insistiu o presidente venezuelano.
Enquanto isso, o diplomata Edmundo González Urrutia é o candidato da principal aliança opositora, após a impossibilidade de apresentar a ex-deputada María Corina Machado, favorita nas pesquisas, mas impedida de exercer cargos públicos devido a uma sanção administrativa.
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